Vendendo Termografia com Drones
Quais os pré-requisitos para planejamento e execução?

Vendendo Inspeção de fachadas: áreas sofisticadas apresentam desafios para a execução da termografia com drones na análise de patologias
Faça um bom planejamento e evite visitas improdutivas: saiba como realizar termografia com drones na inspeção de fachadas sem contratempos
A inspeção de fachada com drone e termografia infravermelha tem se tornado uma solução técnica eficiente e segura para prédios residenciais e comerciais. A inspeção visual com drones já era percebida como um grande salto em produtividade, por consequência um drone com câmera termográfica atinge outro nível. Mas vender esse serviço exige mais do que entusiasmo: é preciso ter um cenário muito claro, alinhar expectativas, entender limitações técnicas e, sobretudo, respeitar o clima na fase de execução.
Neste post, vamos mostrar os principais cuidados que você deve tomar antes de fechar um contrato — para evitar frustrações, retrabalho e constrangimento com o cliente.
Avisos:
1)Este post reflete as condições encontradas por nossa equipe em situações reais
2)Consideramos que o leitor deste post esteja familiarizado com a operação de drones e conheça a termografia.
A proximidade entre edifícios exige atenção máxima ao espaço operacional
Em áreas urbanas densas, a operação de drones exige atenção especial à distância entre torres vizinhas. Por isso, quando os prédios estão muito próximos, o risco de colisão aumenta — especialmente em manobras de aproximação para a captura de imagens.
Recomendações:
Para garantir a segurança do voo, deve ser observado um espaço mínimo de 5 metros entre fachadas opostas(*). Com essa margem, é possível realizar:
- Manobras seguras de aproximação e afastamento
- Estabilização do drone para captura de imagens precisas
- Redução do risco de interferência de ventos canalizados entre torres
- Margem para atuação em caso de falha ou perda de sinal
Além disso, é importante uma análise prévia do local, documentando obstáculos como varandas, antenas, fios e vegetação. Caso o espaço seja muito estreito, pode ser necessário recorrer a técnicas complementares, como câmeras manuais ou inspeção interna, tornando a inspeção com drone inviável. A presença de edificações geminadas também deve ser colocada em pauta, para definir se a impermeabilização entre as construções deve fazer parte da análise termográfica.

A proximidade entre torres vizinhas também desafia a segurança da operação com drones
Comunicação com a vizinhança não é opcional
Não basta divulgar a operação com drones aos moradores ou frequentadores do condomínio. Além disso, é necessário considerar o impacto da operação em áreas vizinhas.
Caso a área do condomínio ou do imóvel não seja extensa o suficiente para abrigar a operação com drones, e seja necessário extrapolar seus limites, então avisar previamente moradores e condomínios vizinhos torna-se obrigatório. Da mesma forma, é necessário solicitar autorização formal de instituições sensíveis próximas à área de operação, como bancos, repartições públicas, hospitais, delegacias, entre outros.
Autocrítica
Para ilustrar, coloque-se na posição de um morador de uma residência que está sendo sobrevoada por um drone, ou de um apartamento com um drone na janela. Fato normal?
Agora, imagine-se na posição do responsável pela segurança de um banco, ou mesmo o gerente de uma agência, com um drone nas proximidades. Tranquilo?
Em seguida, reflita sobre o que um delegado ou encarregado de um centro de detenção deve fazer, se um drone estiver nas proximidades.
Por fim, considere o que acontece se um piloto de helicóptero, que transporta um paciente em estado grave ao hospital, avistar um drone próximo ao local de pouso. Ele cancela a operação.
Portanto, essas questões são reais, graves e devem ser abordadas com seriedade. Em nenhuma hipótese, qualquer das partes envolvidas tem o direito de “contar com a sorte”.
Responsabilidades das partes
Cabe ao administrador ou engenheiro responsável comunicar a todos os envolvidos, que eventualmente possam ser impactados ou incomodados pela operação e obter as devidas autorizações; ao operador cabe verificar se toda documentação está em ordem, incluindo as que são de sua própria responsabilidade, para a operação de drones.
Vale lembrar que estamos lidando com obrigações que vão além de meros cuidados para uma operação com drones e que valem tanto para quem executa como para quem contrata.

A comunicação interna e externa é obrigatória.
A eficácia da inspeção termográfica está diretamente relacionada a duas questões:
- A resposta térmica do material sob ação climática: superfícies porosas e com baixa refletividade, como argamassa ou concreto aparente, absorvem e emitem radiação infravermelha de forma mais eficiente — especialmente quando aquecidas pela luz solar. Isso favorece a identificação de patologias como infiltrações, descolamentos e presença de umidade.
- A radiação solar incidente no momento da inspeção: para que haja contraste térmico entre áreas saudáveis e comprometidas, é fundamental que a fachada esteja exposta à luz solar direta. Sem esse aquecimento natural, a leitura termográfica pode ser comprometida, exigindo técnicas complementares para gerar estímulo térmico artificial.
Tratando-se de inspeção de fachadas, onde encontramos paredes em contato direto e permanente com o ambiente externo, o clima será diretamente responsável pela qualidade do resultado final, podendo até mesmo inviabilizar a operação
Recomendações:
Evite agendar inspeções nestas condições:
- Dias nublados e frios (**)
- Períodos com ventos fortes ou chuvas (*)
- Fachada única voltada para o Sul (menor incidência solar) (**)
Veja nosso relato sobre condições climáticas no post Contraste térmico em inspeções de fachada com Termografia Infravermelha.
Alternativa técnica: pulverizar as paredes externas com água aquecida (pelo menos 5 °C acima da temperatura ambiente), pode gerar contraste térmico artificial, permitindo a leitura mesmo em dias frios.
Fachadas envidraçadas ou com placas metálicas: é viável?
Fachadas com vidro ou ACM apresentam desafios na inspeção com drone e câmera termográfica, pois refletem a radiação infravermelha e comprometem a leitura.
Observações:
- Câmeras termográficas permitem ajustes (por exemplo, a emissividade, que varia de acordo com o material em análise), que efetivamente contribuem para um resultado adequado. Porém, por se tratar de um trabalho especializado, é preciso avaliar se há condições reais de produzir um resultado de qualidade, que faça valer o valor cobrado.
- Um revestimento de vidro, metal ou qualquer outro material sobreposto à fachada não permitirá a análise de patologia; apenas a estrutura de fixação e estado geral do revestimento serão vistos.
- Neste caso é recomendável avaliar as paredes de dentro para fora, preventivamente ou sob demanda.




Padrões arquitetônicos com uso de metal ou áreas envidraçadas cobrindo a maior parte da fachada
Recomendações:
- Avaliar previamente o tipo de revestimento
- Verificar:
- Se há placas sobrepostas à fachada, integral ou parcialmente (um exemplo são placas utilizadas na padronização da comunicação visual de concessionárias ou farmácias, que muitas vezes cobrem toda a área visível da construção)
- Se as fachadas cobertas parcialmente por vidros ou placas de qualquer outro material possuem áreas expostas suficientes para uma análise termográfica; fica a critério dos envolvidos definir se o possível resultado nestas condições será suficiente.
- Por último, se as placas, decorativas ou não, e os vidros, podem ser removidas para que a inspeção com termografia seja realizada sem obstáculos
- Informar ao cliente sobre limitações técnicas ou inviabilidade
- Evitar prometer resultados em áreas onde esta tecnologia (termografia com drones) não é eficaz, ou não faz sentido.


Padrões arquitetônicos com uso de metal ou áreas envidraçadas cobrindo a maior parte da fachada
Alinhe expectativas desde o primeiro contato
A inspeção pode ser adiada tanto pela ausência das aprovações (internas e externas), como por fatores externos. Isso precisa estar claro desde o início.
Documente na proposta comercial:
- O operador deve garantir condições climáticas ideais para a execução, utilizando um termohigroanemômetro no local para validar os parâmetros de umidade, temperatura e vento previamente definidos.
- O tipo de fachada e revestimento (**)
- Possibilidade/necessidade de reagendamento e se haverá custo adicional
- Limitações técnicas da câmera e do drone
- Autorização de terceiros para uso do drone (*)
- Possíveis interferências (sombras, vizinhos, obstáculos) (*)
- Entregáveis realistas: imagens, termogramas, relatório técnico
Checklist pré-visita: evite constrangimentos
Antes da operação, verifique:
- Equipamentos, baterias, acessórios
- Previsão do tempo (*)

A falta de planejamento ou de um checklist prévio pode causar transtornos na operação
Não seja refém do clima: use a técnica certa
Tanto em dias frios como em dias ensolarados, a pulverização com água pode melhorar o contraste térmico em fachadas com baixa condutividade térmica, como argamassa. Uma diferença de 5°C pode tornar a a inspeção mais previsível e técnica.
Em outra postagem vamos falar sobre algumas opções para executar a pulverização em áreas estreitas ou largas.
Exemplo de cláusula para proposta técnica
Cláusula Técnica – Condições para Execução da Inspeção Termográfica com Drone
A inspeção será realizada com base em condições climáticas favoráveis, que permitam a obtenção de contraste térmico mínimo de 5 °C entre áreas saudáveis e comprometidas da fachada. Em caso de clima nublado, chuvoso ou com vento forte, a visita poderá ser reagendada sem custo adicional.
Fachadas com revestimentos reflexivos (vidros, ACM, metais) poderão apresentar limitações na leitura termográfica. Nestes casos, o contratante será previamente informado e poderá optar por métodos complementares.
A pulverização com água aquecida poderá ser utilizada como técnica auxiliar, desde que previamente autorizada pelo responsável.
Os entregáveis incluem: imagens aéreas, termogramas e relatório técnico com observações relevantes. A qualidade dos resultados depende diretamente das condições climáticas e das características da fachada.
Observações:
(*) – condições aplicáveis a qualquer operação com drones, térmico ou não.
(**) – condições aplicáveis a operações a drones com câmera termográfica.

Links úteis:
